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29 de novembro de 2010

CURSO LITURGIA E SÍMBOLO - Parte III

Liturgia, culto e teologia sacramental





1.1.  A Liturgia na era pós-apostólica
            Já na passagem do primeiro século da era cristã, os seguidores de Jesus compreendem a transitoriedade dos sacrifícios antigos, porque tinham muito claro que a morte e ressurreição de Cristo haviam abolido a vigência dos sacrifícios da Lei antiga[1]. Igualmente, a liturgia se desenvolverá, estará com vigor sob múltiplas formas e contatos com diversas culturas, mas permanecendo o único e mesmo imutável mistério-acontecimento da celebração cristã pelos séculos afora. Eucaristia será o conceito fundamental, em correlação com o culto e a práxis litúrgica da Igreja:
Já na Didaqué encontramos, na referência à celebração dominical, ao lado do antigo termo da fração do pão (At 2), o termo mais novo que fala do agradecimento. Em Inácio de Antioquia, eucaristia é o nome por excelência da celebração. Em Justino, a palavra já se tornou o nome do sacramento da Eucaristia.[2]



1.2.  Culto cristão e Teologia sacramental
                Os estudiosos em matéria de Teologia Litúrgica refletem que, sobretudo na história da liturgia no mundo ocidental, a compreensão de culto e liturgia na Igreja penderá para os termos officium, ministerium, múnus... além do próprio conceito de celebração da Eucaristia. O estudioso Borobio, a propósito, cita Agostinho e Pseudo-Dionísio como dois nomes influentes que marcam e aplicam a noção de mysterium, como realidade presente na liturgia:
Para o Areopagita, a teologia inteira não é senão um único ato da santa liturgia. E, assim como na liturgia – ação humana e eclesial que, por meio da celebração, responde à revelação divina – são fundamentais as categorias da estética e da arte, assim também, na teologia litúrgica de Dionísio, as categorias estéticas penetram e invadem de maneira contínua seu pensamento.[3]
             Os Padres estão cônscios de que, para aplicar o entendimento teórico das realidades da histórica da salvação, se faz mister recorrer a linguagem e estrutura simbólico-sacramentais, através da qual é explicada e atualizada a salvação nos diversos níveis do plano criador e auto-comunicador de Deus. O desenvolvimento da Liturgia ao longo dos séculos, por sua vez, foi mais amplo, tocando culturas, crescendo com a condução do Espírito Santo, aprendendo com os “sinais dos tempos”, atravessando crises e embates com heresias, até que no século XX passa por uma renovação sem precedentes.



[1] Joan LLOPIS, A Liturgia através dos séculos, p. 35.
[2] J. A. JUGMANN, S.J., Missarum Sollemnia, p. 39.
[3] Dionisio BOROBIO (org), A celebração da Igreja, liturgia e sacramentologia fundamental, p.83.

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