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29 de abril de 2011

CURSO LITURGIA E SÍMBOLO - PARTE V


1.  SACROSANCTUM CONCILIUM            
Como já nos é sabido, o Concílio Vaticano II foi o acontecimento fundamental para a renovação da Igreja em todos os níveis. Não foi diferente com relação à Liturgia. Aliás, o primeiro documento conciliar – a Sacrosanctum Concilium – já procurou estabelecer em chave teológico-bíblico e pastoral o ‘lugar’ da Liturgia como culto oficial da Igreja. Depois de tudo que vimos no presente capítulo, chegamos ao cerne da preocupação da Igreja, pois discorrer sobre Liturgia é dizer de si mesma:   “A liturgia, em que a obra de nossa redenção se realiza, especialmente pelo divino sacrifício da eucaristia, contribui decisivamente para que os fiéis expressem em sua vida e manifestem aos outros o mistério de Cristo e a natureza genuína da verdadeira Igreja”.[1]  “A liturgia é o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a santificação do homem; e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo, Cabeça e membros”(SC 7).[2] 
            A novidade trazida pela definição conciliar de Liturgia está na introdução do conceito e da realidade do mistério pascal, o culto “em espírito e verdade” do Novo Testamento como “fato teológico e modalidade litúrgica”[3]. O elemento vital que emerge do fato de que o Deus de Isaac, Abraão e Jacó, o Deus bíblico “arma sua tenda entre nós”, agora se deixa tocar, conforme a célebre sentença joanina, “o que vimos e ouvimos, e nossas mãos apalparam do Verbo da Vida”(1 Jo 1, 1). Cristo é agora “visto, ouvido e tocado” por meio da liturgia da Igreja.
Seguindo a intenção e a expressão do concílio, finalmente podemos de certo modo definir a liturgia. Ela “é ação sagrada, através da qual, com um rito, na igreja e mediante a igreja, é exercida e continuada


[1] Sacrosanctum Cocilium, §2.
[3] Domenico SARTORE e Achille M. TRIACCA (org), Dicionário de Liturgia, p.642, verbete história da Liturgia.

30 de março de 2011

CURSO LITURGIA E SÍMBOLO - PARTE IV

MOVIMENTO LITÚRGICO – (CONTINUAÇÃO)
2.1Intervenções do magistério da Igreja
            Talvez às consciências de hoje não aja mudanças consideráveis, mas considerando a evolução do lugar da liturgia na Igreja, entre desconfianças e apreços entre o magistério eclesiástico e o movimento litúrgico, elencamos de forma breve algumas das importantes decisões da Igreja em matéria de reforma litúrgica:
Papa Pio X
            Em 1903, com o motu próprio Tra Le sollecitudini, dá normas relativas ao restabelecimento da musica sacra, com ênfase – embora tímida – no convite à participação dos fiéis. O Pontífice “ressaltou a dignidade do canto gregoriano e encorajou a participação do povo, mas também apresentou normas para uma polifonia que está disposta a se integrar na celebração sagrada numa atitude de serviço.” Outros passos importantes são o incentivo a comunhão sacramental freqüente dos fiéis (1905), e o adiantamento da idade para a recepção da primeira comunhão (1910).
Papa Pio XII
             Por meio da encíclica Mediator Dei, promulgada em 20 de novembro de 1947, o papa Pacelli interveio, movido por preocupações pastorais e ao mesmo tempo de adaptação às exigências religiosas e culturais modernas. Nessa encíclica, a liturgia é definida em relação ao conteúdo como "a continuação do ofício sacerdotal de Cristo", ou mesmo "o exercício do sacerdócio de Cristo". Quanto à sua realidade completa de celebração, "é o culto público total do corpo místico de Cristo, cabeça e membros".
            Como sinal concreto de abertura e acatamento aos trabalhos em curso do movimento litúrgico abertura. São dois os documentos mais importantes: a carta encíclica Mediator Dei, que para Borobio é a “carta magna” do movimento litúrgico, e o discurso aos participantes do Congresso Internacional de Pastoral Litúrgica celebrado em Assis. O papa chama a atenção para os desvios e exageros, mas ao mesmo tempo reconhecesse expressamente as instâncias genuínas do movimento litúrgico:
O movimento litúrgico surgiu como um sinal das disposições providenciais de Deus para o tempo presente, como uma passagem do Espírito Santo em sua Igreja, para aproximar os homens dos mistérios da fé e das riquezas da graça, que decorrem da participação ativa dos fiéis na vida litúrgica. (Discurso na conclusão do Congresso de Assis, 22 de setembro de 1956, DP II, p. 46.)

J. A. JUGMANN, S.J., Missarum Sollemnia, p. 174.
Domenico SARTORE e Achille M. TRIACCA (org), Dicionário de Liturgia, p.540, verbete história da Liturgia.
Burkhard NEUNHEUSER, OSB, História da Liturgia através das épocas culturais, p. 205.